Alemães contestam <br> desigualdades
Manifestações em 40 cidades da Alemanha juntaram, dia 29, dezenas de milhares de pessoas em protesto contra o aumento das desigualdades e em defesa do «Estado social» e de uma sociedade mais justa.
O protesto foi promovido por uma plataforma, criada em Agosto, na qual participam cerca de 300 associações civis, sindicatos e partidos, que reclamam uma distribuição da riqueza mais justa como via de saída da crise.
Entre outras medidas propõem a criação de impostos sobre o património e sobre o capital, cujas receitas seriam destinadas ao financiamento das despesas sociais e à redução da dívida pública, assim como uma acção decidida das autoridades contra a evasão fiscal e os paraísos fiscais.
A plataforma, que é apoiada pelo Partido Social-Democrata, Os Verdes e o Die Linke, pretende que as forças políticas alemãs se comprometam com estas medidas antes das eleições legislativas previstas para Setembro de 2014.
As acções mais participadas tiveram lugar em Hamburgo, com perto de sete mil pessoas, Bochum (seis mil), Berlim e Frankfurt (cinco mil), Colónia (quatro mil) e Bremen (três mil), entre outras.
Em Frankfurt, o protesto terminou frente ao Banco Central Europeu, onde o secretário-geral do sindicato do sector dos serviços Verdi, Frank Bsirske, fez questão de lembrar que «30 anos de neoliberalismo e desregulamentação dos mercados de trabalho e financeiro só aumentaram o fosso entre pobres e ricos».
Bsirske lembrou ainda que «o contribuinte está a pagar os resgates da crise financeira para assegurar o capital dos mais ricos». «Chegou a hora de aqueles que beneficiaram começarem a contribuir».
Um recente estudo do Ministério do Trabalho alemão confirma o agravamento das desigualdades nos últimos 30 anos. Actualmente, dez por cento dos alemães mais ricos concentram 66,6 por cento da riqueza. Uma camada que representa 40 por cento da população reparte entre si 32,2 por cento dos rendimentos, sendo que os restantes 50 por cento da população vivem com apenas 1,2 por cento da riqueza criada.